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Semana Paixão de Ler
Nesta semana vou participar de ações literárias ligadas à Campanha Paixão de Ler. É uma das iniciativas mais importantes para promoção da leitura aqui no Rio, que felizmente vem sobrevivendo a diversos governos há 23 anos.
Daqui a pouco tem Encontro com escritor no Centro Cultural Municipal Profª Dyla Sylvia de Sá, na Praça Seca. (Tomara que apareça a galera do Ciep onde estudei, que fica lá perto!)
Na quarta de manhã faço curadoria e mediação da mesa “Do mundo da escola para a escola do mundo”, na Biblioteca Popular de Campo Grande, com Claudia Lage e Flávia Côrtes. Devemos falar das muitas leituras aquém e além dos muros escolares.
E na quarta às 19h rola o Encontro com Territórios, talk show com o Claufe Rodrigues, na Biblioteca Estação Leitura – Metrô Central. Vou falar sobre “O próximo da fila”, do qual serão distribuídos 80 exemplares para os participantes que se cadastraram – iniciativa legal pacas, corre lá!
Adolescente da classe C é protagonista do romance “O próximo da fila”, ambientado em fast-food na década de 90
O autor Henrique Rodrigues, que trabalhou durante três anos em uma das mais famosas lanchonetes do mundo, revisita memórias em seu romance de estreia
Editora Record/ Grupo Editorial Record
Por Juliana Krapp
Enquanto desvenda o microcosmo no interior da lanchonete — com seus tipos humanos, hierarquia, padrões próprios, contradições e afetos —, “O próximo da fila”, que chega às livrarias neste mês de agosto pela Editora Record, elabora um retrato ao mesmo tempo mordaz e lírico do Rio de Janeiro dos anos 1990. Época de hiperinflação e de incerteza econômica, mas também de rap, de criatividade, de rebeldia. E, para os personagens desta história, de descobertas, amores, reviravoltas, sobretudo para o protagonista, que, após a morte do pai, começa a dividir com mãe as responsabilidades da casa.
Ao focar sua narrativa num jovem suburbano e pobre, atado ao itinerário escola-trabalho-casa, o livro se arrisca num percurso original, muito diferente do que tem aparecido no quadro da literatura brasileira contemporânea. O pobre, aqui, não está à margem, mas sim no centro da trama, elaborando uma trajetória vigorosa e singular, desconcertante e irresistível.
Poeta, cronista, contista, organizador de antologias, autor de livros infantis e gestor de projetos de leitura há mais de uma década, o carioca Henrique Rodrigues tem atuado em diversas frentes do meio literário. Em seu primeiro romance, o escritor se aventura na tensão permanente entre memória e invenção: “Com o tempo, a memória prega peças e vai se tornando difusa, ainda mais quando voltamos para um período específico, como os nossos anos de formação. E por isso mesmo, sendo matéria difusa e fluida, é que a memória pode ser inventada, para usar o termo do poeta Manoel de Barros. Revisitei algumas sensações, cheiros, pessoas, frases e ideias que há tempos estavam numa gaveta das lembranças”, conta.
O autor, que em sua adolescência virava carnes na chapa e catava guimbas de cigarro no estacionamento do fast-food, não imaginava que aqueles anos serviriam de insumo para escrever um livro. Agora, com uma carreira consolidada na literatura, ele brinca: “Gostaria muito de poder viajar no tempo, chegar para aquele garoto de 16 anos e dizer: ‘Segue em frente e captura tudo o que está no seu entorno, pois essa vai ser a sua matéria de trabalho’”.
Henrique Rodrigues nasceu em 1975 no Rio de Janeiro e é assessor de Literatura do SESC. Lançou livros para crianças e jovens e participou de várias antologias. Pela Record, publicou A musa diluída (poesia, 2006) e Como se não houvesse amanhã: 20 contos inspirados em músicas da Legião Urbana (contos, 2010). Atualmente, o autor organiza uma antologia de contos inspirados nas canções de Noel Rosa.
O PRÓXIMO DA FILA
HENRIQUE RODRIGUES
Páginas: 192
Preço: R$ 30,00
Imprensa Grupo Editorial Record | Tel.: (21) 2585-2047
Claudia Lamego – claudia.lamego@record.com.br – Gerente de Imprensa
Mariana Moreno – mariana.moreno@record.com.br – Assessora de Imprensa
No 2 mil toques
Fui convidado a escrever aqui no 2 mil toques sobre minha rotina de escritor. Confesso que fiquei aliviado ao saber que é um site de literatura e não uma megamaratona de exames de próstata. É que, beirando os 40, nos chega toda essa convergência, que é, por natureza, analógica e digital ao mesmo tempo. E cá fico imaginando se teria a mesma dúvida caso o site se chamasse Dois dedos de prosa.
Trocando em miúdos, para mim o tal processo é isso aí de cima: buscar o duplo – quando der, o triplo – sentido das coisas, transformar um pequeno soluço em solução e ir reconstruindo a realidade para que ela fique menos ordinária. Porque o mundo anda denotativo pacas, sabe? Daí que a literatura seja uma forma de tentar deixar o real menos inflexível, porque isso ainda pode nos levar à extinção, ou nos reverter às cavernas, sem nem direito a um platãozinho para fazer alegorias. (Continue aqui)
Hai-kais pela Calcanhotto
Semana passada bati um papo com a Adriana Calcanhotto na Biblioteca Pública do Estado, sub a curadoria da Lêda Fonseca. Falamos do livro maneiríssimo “Hai-kai do Brasil” (Edições de Janeiro), que ela organizou. É leitura muito recomendada, pois traz um panorama do hai-kai em nossas terras e no final tem um ótimo estudo do Eduardo Coelho.