Numa banca de jornal qualquer…
– Moço, me vê um x-tudo?
– Vai querer com que tipo de papel?
– Tem de quê?
– Um bom é o couchê, que tem uma textura boa. O mais popular é o papel jornal, que a barraca do caldo ali também usa na sopa de letrinhas e mantém a galera bem informada. Tem um reciclado, mas não recomendo porque é que nem carro usado: uma hora você descobre uma porcaria do antigo dono.
– Nuss, tô fora! Que mais?
– Chegou o pólen 90, que sai muito. Tá na quarta edição o sabor picanha.
– Uau, acho que vou querer esse.
– Calma que tem também uma novidade exclusiva aqui na região. Só comigo você encontra o aspen e o vergé. É coisa refinada. Na Zona Sul não se come outra coisa. Repara que em novela do Manoel Carlos tem sempre alguém segurando um deles nas cenas de rua.
– Poxa, mas é mais caro, e o destino é o mesmo. Faz o seguinte, me vê um de papelão mesmo, esse da promoção.
– Tá ok. Vai querer como?
– Não entendi.
– Comprei uma nova chapa digital, mas muita gente ainda prefere a qualidade da fritura offset.
– Tô com um pouco de pressa. Vai no digital mesmo. Quanto é?
– Esse sai a 6,90. Agradeço se tiver trocado.
– Opa, tenho essas moedas de salaminho aqui no bolso. Deixa eu contar que acho que dá certinho…
– Valeu, garoto! Toma aqui.
– Tem guardanapo?
– Sim, pode pegar ali no bloquinho de rosbife.