Um poema (até então) inédito que saiu no Cândido. Com bela ilustra do Tiago Elcerdo.
homo ludens
te lanço o meu poema como um bumerangue
se volta a mim, eu pego e jogo novamente
mas quando cai nas tuas mãos, vem de repente
a sensação de um rico e belo bangue-bangue
e nesta avessa brincadeira, não se zangue
quando ele voa e escapa e vai passando rente
às mãos do pensamento que imagina e sente
o cheiro dessa lâmina sem corte ou sangue
te jogo o bumerangue feito de papel
que se desfaz na chuva, e apaga e rasga à toa…
(mas por ser leve e frágil é que ele tanto voa!)
eu sei, não há poema e nem nada no céu…
mas finjo mesmo assim, pois nesta brincadeira
voa o bumerangue da minha vida inteira