Meu barco em pleno mar parou um dia,
Num tempo de maré muito agitada.
E vi a sua proa iluminada,
Enquanto, lá na popa, anoitecia.
Sentado eu à bombordo, também via
Em duas minha imagem separada.
Havia na direita a gargalhada;
Do outro lado, só melancolia.
Daquilo então ficou-me uma certeza:
O riso é o irmão gêmeo da tristeza,
Um lado que outro sempre complementa.
No mar, se o lado esquerdo sofre e falha,
Um outro toma o leme e então gargalha,
Pois navegar sozinho nenhum tenta.
De A musa diluída
Henrique,
Foi muito bom te conhecer e conhecer seus escritos no Seminário promovido pela UFG – Goiânia.
Gostei muito dos poemas de “A musa diluída” e achei uma graça o “Sofia e o dente de leite”.
Este poema retirado de “A musa diluída” me fez pensar: o lado avesso do humor seria a tristeza? O humor é uma forma de lidar com uma sensibilidade exacerbada? O humor nos possibilita transitar num mundo em que pagamos conta de água, luz, telefone, o tempo todo no Banco do Brasil? Quando a gente ri, a gente ri da gente mesmo? Eis a questão. Se pensei, já valeu a pena te ler.
Abraço largo, como o céu do cerrado.
Micheline Lage.
Oi, Micheline. Foi um grande prazer conhecer todos vocês lá. Obrigado pela leitura dos meus textos. Espero voltar um dia em Goiânia. Beijão.